Nas últimas semanas fui altamente treinada por Lucas. Eu quase não tinha descanso. Eu sempre discutia algo com ele, mas fui percebendo o quanto ele era legal e o único que não me olhava estranho quando fazia uma pergunta aparentemente ridícula. Lucas simplesmente me olhava e respondia calmamente, e repetia se eu não entendesse. E nos treinos, ele parecia o demônio! Mas mesmo assim gostava dele. E ele também me olhava bonitinho às vezes, e eu ficava toda corada com um sorriso idiota na cara.
A vida em Bel'Acqua quase me fez esquecer de como eu vivia no "mundo real", lá fora, na minha cidade natal. Quase esqueci da minha mãe no hospital e do meu pai com as vagabundas das ruas. Quase esqueci do meu namorado imbecil que descobri me traindo. Na verdade, ele era quem eu mais queria esquecer de verdade. E eu parecia sentir várias coisas melhores ou do mesmo tipo quando estava com... Ai meu Deus! Tentei ignorar os meus pensamentos, eu não podia gostar de Lucas... ou podia? Tipo, ele é meu treinador e tal, mas ele é bem bonito e legal. Não sabia se deveria considerá-lo um amigo ou tentar algo mais... Quem sabe?
Passei os outros dias sem pensar nisso, mas ficava pensando na minha mãe. Queria logo que esse treinamento de batalha terminasse. Mas era ou o treinamento ou as mulheres do conselho da cidade me matavam. Pelo menos umas coisas eu aprendi. Primeiro: Um bastão que costumamos usar é bem útil para espantar espectros. Segundo: Um beijo pode puxar a sua alma, já que a boca é uma entrada direta para ela, e é uma das primeiras tentativas nos primeiros-socorros quando alguém é atacado. Terceiro: Superstições são reais às vezes, exceto a do gato preto que não tem nada a ver. Quarto: Quebrar um espelho às vezes, ao contrário de azar, nos livra de um espírito lá dentro. Quinto: Luta corporal também serve!
Bem, aquilo tudo parecia incompreensível à minha mente no começo, mas já entendia várias coisas. Estava passeando na floresta para relaxar a mente, mesmo sabendo que é proibido, e ouço passos. Já peguei meu bastão pronto para liberar a substância que repelia os espectros. Aquelas árvores eram o amor deles. Porém, a coisa foi diferente. Quando vi bem, lá estava ele. Meu antigo (sei lá) namorado.
-Brian! - gritei e corri até ele.
-Yvonne! - ele pareceu surpreso ao ouvir minha voz e feliz ao me ver. Nós nos abraçamos por um longo tempo. - Yvonne, não sabe o quanto te procurei! Olha, desculpa daquele dia, eu nem gostava daquela menina...
-Brian. - disse mais séria. - Não quero saber disso. Você se lembra muito bem do que eu disse sobre nós. Acabou. Não quero mais nada com...
Antes que eu pudesse fazer algo, ele me puxou e me beijou fortemente, parecia querer arrancar minha boca. Depois aos poucos, fui me rendendo. Ele era realmente bom nisso. A vida estava ótima quando então ouvi uma respiração pesada atrás de mim.
-Yvonne...
Me virei e vi Lucas me olhando com uma cara que nunca esperei ver dele. Parecia realmente bravo e até me dava medo. Seus olhos estavam até vermelhos.
-Sabe que não deve andar na floresta. - disse ele ríspido olhando para Brian como se ele fosse uma abominação.
-Quem é esse cara, gata? - perguntou Brian. Ele então tomou pose de machão e passou o braço em volta de mim. - O que quer com minha garota? - ele enfatizou o "minha".
-Ei, eu não... - me soltei dele e então me surpreendi com Lucas.
-É, percebi que é sua garota. Só que ela falou tão pouco e tão mal de você, que pensei... outra coisa. Me perdoe por isso, mas tenho que pegar a sua garota por mais umas semanas. - droga.
Agora caiu minha ficha. Ele gostava de mim, e ficou "p" da vida comigo por esse beijo com Brian. Eu disse que tinha terminado com Brian, então, ele deve ter pensado que podia ficar comigo e... Que merda! Como sou burra!
-Lucas, a gente não...
-Na verdade, seu treinamento está terminado, Yvonne. Pode ir pra sua cidade com o amor da sua vida. - ele apontou para Brian com o queixo. - Está liberada. Adeus.
-Lucas!
Ele voltou para Bel'Acqua, e me deixou ali com Brian. Não consegui mais olhar pra aquele cara bonito do meu lado com o mesmo olhar. Já sentia nojo ao vê-lo. Ele me puxou e me levou de volta para a cidade, com o peso no coração de uma enorme burrada.
Eu tinha que voltar para Bel'Acqua, tinha que voltar para o Lucas.
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