Todas me olharam ainda decidindo meu futuro. Droga, aquele silêncio estava me pondo nos nervos! Até que Saphira se virou para mim com aqueles seus olhos azuis e me olhou em meus olhos, como se estivesse vendo minha alma e meus pensamentos com preocupação. E então, sem precisar mover um músculo, ela pareceu sorrir, pelos próprios olhos.
-Lucas! - ela chamou e o garoto se ajeitou na cadeira ficando com as costas retas, que até agora estavam jogadas de modo relaxado na cadeira. - Você ainda se lembra de tudo o que aprendeu nos treinos?
-Sim, senhora.
-Por favor, ensine-a. Ela será especial na luta.
-Espera aí! - gritei sem medir as palavras. - Eu tenho que ir para a minha casa! Minha mãe está no hospital, tenho que vê-la, e cuidar de casa antes que pai transforme aquilo num bordel! Não tenho tempo para lutas.
-E não temos tempo para seus problemas inúteis de adolescente! - gritou Lunna, sempre gentil.
-Você é assim todo dia, ou eu sou má influência assim mesmo? - perguntei sem pensar e depois tapei a boca.
Lucas me olhou como se eu tivesse acabado de assinar o meu contrato com a morte, e o olhar de Lunna também era bem assustado, acho que não esperava por isso. Todas as outras mulheres pareceram assustadas, mas um susto bom, como se estivessem se controlando para não rir e quisessem falar isso para Lunna há séculos.
Porém Saphira não resistiu e soltou uma longa e gostosa risada. Era um riso tão bom de se ouvir, tão vivo, que eu queria contar piadas para ela sempre para que não parasse.
-Realmente, ela será ótima conosco. Poderá alegrar isso tudo.
-Prefiro outro para ser um bobo da corte - disse Lunna irritada.
-O que? Boba, eu? Tem certeza que sou eu? - continuei falando.
Uma outra moça começou a rir e outra estava visivelmente segurando risadas.
-Yvonne - chamou Saphira -, você então, aceita fazer parte do nosso exército. Nos ajudar contra um mau terrível? Você está no direito de dizer não, aí então te mandaremos de volta para a estrada onde te encontramos e poderá ir para casa. Mas saiba que estamos dispostas a te acolher e te treinar.
-Não estou disposta - disse Lunna e eu revirei os olhos.
Fiquei pensativa. Era uma grande proposta, mas eu não sabia no que eu seria importante, mal sabia cortar uma cebola sem arrancar metade do dedo e sujar toda a cozinha de sangue. E claro, eu queria poder falar com a minha mãe sobre isso.
-Eu...
-Poderá ficar aqui mais três dias. Então poderá me contar o que decidiu - propôs Saphira.
-Tudo bem...
-Certo. Então este conselho está encerrado por hoje. Lucas, mostre a cidade para Yvonne.
Continua...
Fanfic também disponível na comunidade com o nome de "O Inesperado". Por algumas questões, eu mudei o nome ao postar aqui.
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